domingo, 28 de janeiro de 2007

Nature's last show of abundance



Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.
Alberto Caeiro


Nature's last show of abundance,
2007, acrílico e colagem s/cartão(1,5mm), 55x75cm



silêncios que usurpam o silêncio da fala

s/título,
2006, pastel e colagem s/papel, 21x29,5cm



sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

s/ título,
2004, óleo s/ tela, 15x20cm
transformado e utilizado no Journal #04
do projecto the travelling journal (2006)


woman's body image





série - reflections on woman's body image I-II-III-IV,
2007, acrílico e colagem s/ cartolina, 25x32,5cm




quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

LUST

crossing senses,
2006, aguarela e colagem s/papel, 21x29,5cm

Além Tejo

Além Tejo,
2006, óleo s/ tela, 30x41 cm

TEORIA DO SUL

Folheia-se o caderno e eis o sul. E
o sul é a palavra. E a
palavra des-
do-
bra-
-se
no espaço com suas letras de
solstício e de solfejo. Além
de ti. Além do Tejo.

Verás o rio. E talvez
o azul. Não
o de Mallarmé: soma de branco
e de vazio.
Mas aquela grande linha onde o abstracto
começa lentamente a ser o
sul.

Manuel Alegre

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Gerês #1

Pitões de Júnias, Parque Nacional da Peneda-Gerês, agosto de 2003

Soajo, Parque Nacional da Peneda-Gerês, agosto de 2003

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

hidden place

s/ título,
2006, pastel e colagem s/papel, 21x29,5cm



"Through the warmthest Cord of care Your love was sent to me I'm not sure What to do with it Or where to put it I'm so close to tears And so close to Simply calling you up I'm simply suggesting We go to the hidden place That we go to the hidden place We go to the hidden place We go to a hidden place Now I have Been slightly shy And I can smell a pinch of hope To almost have allowed once fingers To stroke The fingers I was given to touch with But careful, careful There lies my passion, hidden There lies my love I'll hide it under a blanket Lull it to sleep I'll keep it in a hidden place I'll keep it in a hidden place Keep it in a hidden place Keep it in a hidden place He's the beautifullest Fragilest Still strong Dark and divine And the littleness of his movements Hides himself He invents a charm that makes him invisible Hides in the air Can I hide there too? Hide in the air of him Seek solace Sanctuary In the hidden place In a hidden place In a hidden place We'll stay in a hidden place Ooohh in a hidden place We'll live in a hidden place We'll be in a hidden place In a hidden place." Bjork

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

s/título- série excertos,
2006, óleo e cola s/tela, 35x45cm

"The Weeping Song"

Go son, go down to the water
And see the women weeping there
Then go up into the mountains
The men, they are weeping too
Father, why are all the women weeping?
They are weeping for their men
Then why are all the men there weeping?
They are weeping back at them
This is a weeping song
A song in which to weep
While all the men and women sleep
This is a weeping song
But I won't be weeping long
Father, why are all the children weeping?
They are merely crying son
O, are they merely crying, father?
Yes, true weeping is yet to come
This is a weeping song
A song in which to weep
While all the men and women sleep
This is a weeping song
But I won't be weeping long
O father tell me, are you weeping?
Your face seems wet to touch
O then I'm so sorry, father
I never thought I hurt you so much
This is a weeping song
A song in which to weep
While we rock ourselves to sleep
This is a weeping song
But I won't be weeping long
But I won't be weeping long
But I won't be weeping long
But I won't be weeping long
Nick Cave

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

garden -"Everything was as it should be.",
2007, aguarela e colagem s/papel, 30x42cm


"Contaram-me que existem homens queimando a vida a cuidar de jardins. Regam, transplantam, enxertam, podam, cavam - como se este contínuo trabalho de renovação os prolongasse para além de seus próprios corpos. Parece que a existência destes homens se reduz à lenta e misteriosa aprendizagem de nascer, morrer e renascer.

Na verdade, nenhum ciclo das estações impede aqueles homens de morrer. Parecem mais demoradamente, somente isso, porque os jardins são labirínticas arquitecturas mentais onde podemos resguardar o corpo de qualquer voragem do tempo.

A mim, basta-me o espanto da flor que murcha quando, no mesmo ramo, outra flor expande as pétalas ao sol."

Al Berto, O Anjo Mudo

Trans[figura]ção, modi[fica]ção...

metamorfose I,
2006, pastel e colagem s/papel, 21x29,5cm

metamorfose II,
2006, pastel e colagem s/papel, 21x29,5cm





cuidado, desvelo...


solicitude,
2006, óleo s/ tela, 60x120 cm

Ora cuidar me assegura,
ora me matam cuidados.

Foi ser a vontade minha
de todos tão desviada
que me não afirmo em nada,
pois tenho o mal que tinha.
O bem que tinha me enfada.
Isto é força da ventura
- se não me engana o que cuido -
que tais extremos mistura
que ora o meu próprio descuido,
ora cuidar me assegura.

Diversas cousas me pede
o meu desejo inquieto:
umas nego, outras prometo;
mas contudo me sucede
perder-me no que cometo.
Como será dos meus fados
a tenção favorecida,
se para males dobrados
dão-me ora cuidados vida,
ora me matam cuidados?
Luís Vaz de Camões