quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007



s/título- série excertos,
2006, óleo s/tela, 55x65cm


Morrer lá à frente

Sentado literalmente em cima do tempo, observo.
(todos aqueles que o tentam controlar)


Parar, retardar, avançar.
Construir tempo, é coisa que os deuses temem.

O homem...

Passei dias, semanas, meses, nessa posição.
O tempo contou, em cima do tempo.

À herege tentativa de mudar o imutável,
este, como que numa demonstração de superioridade,
Muda.
Todos aqueles que o tentam mudar.


O homem...

O ser que muda cursos de água e os relevos da terra.
Morre a tentar vencer o tempo.

Carlos Veríssimo, TrajectóriaS, 2003



3 comentários:

Anónimo disse...

Pensava em ti enquanto deambulava pela casa, dividida pela obrigação de ler Os Lusíadas e o desejo esmagador de apanhar qualquer transporte que me levasse para Lisboa, onde nalgum recanto pudesse chorar. Chorar desalmadamente, sem motivo aparente, sem razão suficientemente grande para justificar as lágrimas. Chorar por me sentir invadida por algo mais forte que uma grande nostalgia, por querer obrigar certas pessoas a encolherem até ao tamanho de uma moeda e leva-las no bolso pela vida fora.
Foi quando li a tua mensagem. É tão bom saber que tocamos alguém de um jeito diferente. Mas é uma honra (mas é mesmo) saber que tocamos alguém como tu. Porque és um exemplo para mim. A tua vontade de viver à tua maneira, a tua persistência em ser feliz, em procurar a felicidade por esses recantos refundidos, a tua recusa em fazer parte num sistema que nos torna más pessoas, e nos faz esquecer quem um dia fomos.

Acabei por não te dizer uma coisa quando estavamos a conversar à frente da escola: por mais tempo que demore a ficares efectiva numa escola, por mais decepções que os alunos do sistema educativo estatal (ou o proprio sistema) te dêem, NUNCA deixes de ter essa postura enquanto professora. NUNCA, "ouvistes"? A tua maneira de bracejar, a tua maneira de falar do Pedro durante as aulas, a tua maneira de dar as matérias, porcurando ensinar os alunos a viver e a serem melhores, a tua procura por te aproximares dos jovens que estão à tua frente, é o que te torna diferente de todos os bons professores. E has-de ter sempre mais para ensinar aos teus meninos, com cada ano que passe, sempre mais experiencia de vida, sempre mais conhecimentos, sempre um positivismo maior perante tudo o que acontece.

Encontraremo-nos muitas, muitas, outras vezes.

Ana

PS: queria deixar este comentário no outro blog, mas não consegui..

Anónimo disse...

sua grande doida...deixas-me em modo muito corado!
foi gratificante ter-te como aluna :).
será um prazer enorme ter-te como amiga. muitas, muitas outras vezes ;)

Anónimo disse...

Ando por aqui a divagar por entre estas telas..apaixonada por diversas...sem palavras!